segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A população sofre com paralisação dos servidores no RS

A decisão do governo do Rio Grande do Sul de parcelar os salários dos servidores públicos motivou uma série de protestos pelo estado. Serviços essenciais devem ser paralisados ou reduzidos nesta segunda-feira (2), data em que o funcionalismo público organiza um grande ato contra a medida adotada pelo governo do estado para equilibrar as finanças. Abaixo, saiba o possível impacto da mobilização.
A reação dos funcionários públicos foi imediata. No sábado (2), em rodovias no interior do estado, bonecos vestidos com farda dos bombeiros e da Brigada Militar foram pendurados em viadutos. Cartazes e faixas anunciavam a paralisação. Pneus foram incendiados.
Policiais seguem a pé do 1º Batalhão da Polícia Militar para o Estádio Beira-Rio em Porto Alegre (Foto: Fabio Almeida/RBS TV)Policiais seguem a pé para o Estádio Beira-Rio
em Porto Alegre (Foto: Fabio Almeida/RBS TV)
No domingo (2), parte do efetivo da Brigada Militar deu início à operação padrão. Eles não se negaram a fazer os patrulhamentos, mas não utilizaram equipamentos que estariam fora de condições de uso.
Em Porto Alegre, no 20º BPM e no BOE, viaturas ficaram no pátio. Seguindo a orientação da Associação dos Cabos e Soldados, os policiais se recusaram a sair dos quartéis em veículos com alguma irregularidade mecânica ou de licenciamento. Alguns policiais fizeram a ronda a pé, como no caso do jogo entre Inter e Chapecoense, no Beira-Rio.
À noite, o comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas Moreira, determinou que as viaturas com problemas não sairão para as ruas. Os PMs irão trabalhar utilizando outros meios de transporte. O comando esclarece também que não serão repelidas manifestações junto aos quartéis, mas os PMs devem atender aos chamados por qualquer meio de transporte.
O governo gaúcho afirmou que fez de tudo para evitar o parcelamento, que cortou gastos e enxugou a máquina pública, mas que, mesmo assim, todo o mês faltam R$ 450 milhões para fechar as contas. Até sexta-feira (7), o Piratini promete enviar à Assembleia Legislativa um pacote de ajuste nas contas públicas.
Segurança pública
Ainda na sexta-feira (31), associações de servidores de nível médio da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros orientaram a categoria a paralisar as atividades. Uma nota conjunta assinada por nove entidades recomenda que a população não saia de casa na segunda-feira (3).
Faixa foi pendurada, e pneus foram queimados em estrada de Santiago (Foto: Vanessa Backes/RBS TV)Faixa foi pendurada, e pneus foram queimados 
(Foto: Vanessa Backes/RBS TV)
“A orientação é para que os colegas permaneçam nos quarteis e atendam somente o serviço emergencial, que colocar em risco a vida do cidadão. Por isso a população é orientada a não sair de casa. Não haverá policiamento ostensivo”, disse ao G1 o coordenador da Associação de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs), Ubirajara Pereira Ramos.
A posição é a mesma adotada pelos servidores da Polícia Civil. Segundo o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm), os servidores vão cruzar os braços das 8h às 18h e as viaturas não vão circular. Apenas os casos de crimes graves devem ser atendidos. Os delegados de polícia suspenderão todas as operações policiais, conforme anunciou a entidade que representa a categoria.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que “possui plena confiança de que o efetivo manterá o atendimento à população” e que as ruas não ficarão sem policiamento. Também por meio de nota, o Comando-Geral da Brigada Militar endossa a posição da SSP e diz que confia que os servidores não vão contrair a legislação.
Escolas
Após reunião do Conselho Geral do Cpers-Sindicato, os professores da rede estadual aprovaram a paralisação na segunda-feira (3). A orientação da categoria é para que os pais liguem para a instituição em que os filhos estudam para saber se vai ter aula.
Dos 156 mil professores estaduais, 62 mil foram atingidos com o parcelamento dos salários, segundo o Cpers. A categoria também aprovou um calendário de mobilização. Até o dia 18, as escolas devem fazer turno reduzido, com a diminuição de um ou dois períodos, o que equivale a 25% do horário de aula.
Quanto às escolas particulares, o Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS) afirmou que não passou nenhuma orientação a seus filiados e que caberá a cada escola avaliar a situação e decidir se abre o não.
Bancos
A possível falta de policiais nas ruas pode afetar o funcionamento dos bancos. A Justiça do Trabalho determinou que as agências bancárias não abram nesta segunda-feira (3), caso não haja policiamento ostensivo nas ruas. A liminar deferida no domingo (2) vale para todo o estado e atende uma ação judicial proposta pelo Sindicato do Bancários (SindBancários) e pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS).
Hospitais e postos de saúde
Como a saúde pública é municipalizada, a paralisação de servidores estaduais não deve ter  impacto significativo sobre postos de saúde e hospitais. Mesmo assim, os funcionários estaduais da área de saúde foram orientados a cruzar os braços, diz a Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado (Fessergs).
Transporte público
A ausência de segurança pode prejudicar também o transporte público em Porto Alegre. Segundo o Sindicato dos Rodoviários da capital, uma reunião no início da manhã de segunda-feira (3) que vai definir se os ônibus vão ou não circular normalmente. O Trensurb, que trabalha com segurança privada, vai funcionar normalmente.
Comércio
O Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas) afirmou que orientou os lojistas a abrirem normalmente seus estabelecimentos e trabalharem normalmente na segunda-feira (3). Segundo a entidade, os comerciantes devem ficar atentos a movimentações nas proximidades das suas lojas, a fim de garantir a preservação do patrimônio e a segurança de funcionários e clientes. O Sindilojas também repudiou a decisão dos órgãos de segurança pública de paralisar as atividades.
Serviços públicos
Os serviços públicos estaduais devem ser bastante afetados na segunda-feira. A Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado (Fessergs), entidade que congrega sindicatos de diversas categorias, convocou uma paralisação geral para a segunda-feira (3). Uma manifestação será realizada pela manhã no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), em Porto Alegre. A entidade promete bloquear a entrada de servidores no prédio e mobilizar também servidores no interior do estado durante a semana. No dia 18, está programa uma grande assembleia de servidores estaduais.

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